sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Emissões brasileiras de gases estufa cresceram 60% em 15 anos Desmatamento associado à agricultura é um grande vilão no Brasil

As emissões brasileiras de gases de efeito estufa aumentaram cerca de 60% entre 1990 e 2005, passando de 1,4 gigatoneladas para 2,192 gigatoneladas de dióxido de carbono (CO2) equivalente (medida que considera todos os gases de efeito estufa), segundo dados apresentados na terça-feira, 26 de outubro, pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, durante a reunião anual do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.

O novo inventário nacional de emissões será apresentado na 16ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre o Clima (COP16), que será realizada nos dias 29 de novembro a 10 de dezembro em Cancún (México). O documento anterior trazia os dados de 1990 a 1994. Para este ano, o compromisso assumido com a ONU era apresentar dados até 2000, mas o governo brasileiro decidiu avançar e agregar números até 2005.

Segundo o inventário, o desmatamento ainda é o principal vilão das emissões nacionais de gases de efeito estufa. O setor de mudança no uso da terra e florestas é responsável por 61% do total de emissões. A agricultura aparece em seguida, com 19% das emissões nacionais e o setor de energia é responsável por outros 15%. O documento também contabiliza emissões da indústria e do tratamento de resíduos, responsáveis por 3% e 2% do total nacional, respectivamente.

Reduzir o desmate de biomas como o Cerrado e o volume de gases provenientes da agropecuária são desafios que o Brasil buscará superar a partir de agora. O alto potencial de emissões do setor está ligado ao lançamento de gases como o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O) na atmosfera – que são muito mais prejudiciais para o aquecimento do planeta que o dióxido de carbono (CO2).

“A agropecuária, que é a segunda maior fonte de emissões, precisa ser tratada como um desafio. A boa notícia é que já existe tecnologia para começar a discussão de como reduzir as emissões no setor”, destacou o consultor do Ministério do Meio Ambiente, Tasso Azevedo.

De acordo com o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara, as possibilidades de redução na agricultura são muito maiores que em setores como indústria e energia. “A indústria também é um desafio, mas como a matriz energética brasileira é realmente limpa, os espaços de redução [de emissões] significativa na indústria são menores que o espaço de redução na agricultura”, comparou.

Redução de emissões nacionais nos últimos cinco anos

A boa notícia é que o Brasil reduziu as emissões de CO2 em pelo menos 34% nos últimos cinco anos, depois de acumular uma alta de 60% na década e meia encerrada em 2005. Em 2009, o país emitiu 1,78 bilhão de toneladas de CO2 equivalente, queda de 33,6% em relação a 2004. Na COP15, o Brasil se comprometeu a atingir a meta de 1,7 bilhão de toneladas em 2020.

A queda, segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, se deve principalmente à redução do desmatamento na Amazônia nos últimos anos, somada à manutenção do nível de crescimento de emissões nos outros setores. "Estamos indo à Cancún de cabeça erguida", ressaltou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia na qual regulamentou o Fundo Clima.

Com informações da Agência Brasil e do jornal O Estado de S.Paulo
Postado em Mudanças Climáticas em 27/10/2010 às 09h45
por Redação EcoD

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