segunda-feira, 16 de novembro de 2009

EMPREENDEDORISMO

Jovens abrem mão do salário e dos benefícios de ser funcionário para ter a própria empresa

No início, a renda dos sócios da CreativeBizz caiu pela metade, mas em 2010 eles devem faturar R$ 500 mil

Por Adriana Fonseca
Divulgação
(Da esq. p/ a dir.) Fernando Freitas, Marcelo Trigo e Carlos Muller aceitaram abrir mão de metade do salário para começar o próprio negócio
Há pouco mais de um ano, Fernando Freitas, 27, Marcelo Trigo, 25, e Carlos Müller, 27, trabalhavam como funcionários de grandes empresas. Freitas era responsável pelo endomarketing global de uma multinacional, Trigo atuava na área de sistemas de uma empresa alemã e Müller era designer em uma agência de comunicação. Tinham carteira assinada e uma série de benefícios, como vale-alimentação, vale-transporte, plano de saúde e odontológico, seguro de vida auxílio pós-graduação, etc. Mas isso não foi o suficiente para conter a veia empreendedora do trio.

Eles se conheceram em Curitiba quando trabalhavam juntos em uma mesma companhia. Desde então, alimentavam o sonho de ter o próprio negócio. Aos poucos a ideia começou a sair do papel e a CreativeBizz, agência de desenvolvimento web e comunicação integrada com sede no Paraná, tomou forma. Por coincidência ou destino, Freitas e Müller perderam seus empregos na mesma época, quando a agência ainda engatinhava e tinha apenas um cliente. Em vez de procurar outro emprego com carteira assinada, os dois decidiram investir no negócio próprio. “No início, aceitamos tirar um pró-labore correspondente à metade do que ganhávamos antes”, afirma Freitas. “Tivemos que nos readaptar em prol do sonho.” Sonho que parece estar dando certo. Apenas dois meses depois, novos contratos foram fechados e foi a vez de Trigo deixar de ser funcionário para se dedicar exclusivamente à CreativeBizz. Hoje, a agência atende 30 clientes e espera faturar R$ 500 mil em 2010.

Largar o emprego quando se pensa em abrir uma empresa não é uma decisão fácil. O tema, foi, inclusive, assunto para o colunista Daniel Heise no site da Pequenas Empresas & Grandes Negócios. Para Heise, ou os fundadores se envolvem de cabeça ou o negócio ficará estagnado até que haja comprometimento (leia o artigo na íntegra). Mas há quem opte por conciliar as duas funções: empreendedor e funcionário (leia reportagem sobre o tema). "Essa situação é mais comum do que imaginamos", diz Marcelo Aidar, coordenador do centro de empreendedorismo e novos negócios da Fundação Getulio Vargas (FGV) de São Paulo. É o caso dos donos do Ideiar, um portal que permite criar e gerenciar grupos para a discussão de ideias com caráter profissional ou pessoal.

Nilson Cortez Junior, 35, Renato Khalil, 58, e Lucas Miller, 33, abriram a empresa há cerca de um ano, mas continuam trabalhando como funcionários paralelamente. “Nossa meta é conseguir dar dedicação total ao negócio num futuro próximo”, afirma Junior. A empresa já conta com dez funcionários e tem 2 mil usuários cadastrados. Esses internautas acessam o portal e lançam ali desafios para toda a comunidade ou para grupos fechados. O sistema, segundo Junior, gera relatórios que permitem um acompanhamento estruturado das ideias recebidas. O faturamento da empresa vem dos desafios lançados na rede – R$ 100 por mês para anunciar três questões para toda a comunidade – e da consultoria dada a empresas que pretendem melhorar seus ambientes internos para incentivar que os funcionários deem mais ideias.

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